Você consome diariamente todas as porções de frutas e verduras que deveria? Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a maioria da população brasileira não coloca no prato o mínimo necessário de nutrientes (1). Em muitos casos, a carência nutricional se dá por falta de acesso e pela dúvida que ainda existe sobre o que são alimentos naturais e industrializados. Mas nós sabemos que na rotina atribulada em que vivemos, muitas vezes o que falta é tempo ou disposição para garantir toda a variedade que o corpo requer com receitas de comidas naturais. Para essas pessoas, a suplementação se apresenta como uma saída prática que garante os macro e micronutrientes na alimentação humana. Na pandemia, seu uso cresceu 48%, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres – ABIAD (2).
Embora os suplementos alimentares sejam úteis para fornecer vitaminas, minerais e outros nutrientes que possam, por alguma razão, estar em falta no organismo, consumi-los sem indicação ou sem atenção à qualidade pode ser perigoso. “Alguns suplementos possuem vitaminas e minerais que competem entre si por sua absorção ou ainda possuem baixa absorção ou baixa biodisponibilidade, não trazendo 100% dos resultados esperados”, explica a nutricionista Alessandra Feltre, da Puravida. “Suplementar traz inúmeros benefícios, especialmente se isso for feito com produtos naturais e produtos orgânicos. Porém, devemos avaliar a necessidade, de acordo com sintomas e exames, e ter o conhecimento necessário para fazer uso dessa ferramenta nutricional tão importante”.
Fique por dentro (Tabela)
A nutricionista Alessandra Feltre, da Puravida, explica como alguns suplementos agem no organismo (para o bem e para o mal)
Ferro – Sua deficiência pode causar anemia, disfunção mitocondrial, fadiga crônica, alterações cognitivas e baixa imunidade. Mas quando complementado em excesso, esse nutriente pode aumentar a produção de radicais livres, que danificam nossas células.
Cálcio – Mineral essencial para a contração muscular, função plaquetária, neurotransmissão, fertilidade e saúde óssea. Seu excesso, combinado com a deficiência de Magnésio e Vitamina K2, aumenta o risco de formação de cálculos arteriais, renais e biliares.
Cafeína – Suplemento muito utilizado por sua função ergogênica, ou seja, de melhora no desempenho e performance física e mental. No entanto, algumas pessoas são metabolizadoras lentas da cafeína, tendo alto grau de sensibilidade após seu consumo. Esses indivíduos podem sofrer arritmias, taquicardia, insônia, sudorese excessiva e ansiedade com a suplementação.
Probióticos – São bactérias boas, que compõem nossa microbiota intestinal, protegem contra infecções, otimizam a imunidade e fortalecem a barreira intestinal. Porém, pessoas com supercrescimento bacteriano no intestino delgado (SIBO), que fazem uso de probióticos, podem ter ainda mais sintomas como gases, dor abdominal, constipação ou diarréia. A mesma situação vale para os prebióticos, principalmente as fibras mais fermentáveis como GOS, FOS e polidextrose.
A regra de ouro
A recomendação do consumo com moderação e com auxílio de especialistas também se aplica aos suplementos. E isso vale tanto para os mais específicos, como os suplementos para imunidade (Ferro, Glutamina e Vitaminas), como para probióticos e até mesmo termogênicos à base de cafeína. Outro ponto de atenção quando o assunto é como consumir suplementos alimentícios de forma segura é a sinergia nutricional. Na prática, sempre que pensamos em suplementar um nutriente, temos que levar em consideração como ele interage com outros. Por exemplo, Ferro, Zinco, Cálcio, Cobre e Manganês competem entre si. A sugestão da nutricionista é que eles sejam usados na forma quelada, com o apoio de um aminoácido como a glicina, por exemplo: “Assim eles apresentam maior digestibilidade, absorção e retenção no organismo”, explica. Para tirar o melhor proveito do seu suplemento, compartilhe suas necessidades e sua rotina com um nutricionista e compre apenas produtos nos quais você pode confiar.
Referências:
(1) https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101742.pdf